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em jueves, 16 de julio de 2020

Título original: The Bone Witch
Autor: Rin Chupeco
Editora: Sourcebooks Fire (EUA) 
Páginas: 432
Série:  The Bone Witch
           1. The Bone Witch 
           2. The Heartforger
           3. The Shadow Glass
Ano de Publicação: 2017 (EUA)
Gênero: Fantasia Juvenil
Valoração: 

Nesta cativante primeira parte de uma nova série fantasia sombria, Tea pode ressuscitar os mortos, mas a ressurreição tem um preço.
Quando Tea acidentalmente ressuscita seu irmão dentre os mortos, ela descobre que é diferente das outras bruxas de sua família. Seu dom de necromancia significa que ela é uma Bruxa de Ossos, um título que a torna temida e a faz ser banida de sua comunidade. Tea encontra consolo e orientação com uma Bruxa de Ossos mais velha e sábia, que leva Tea e seu irmão para um outro lugar, para treiná-los.
Em seu novo lar, Tea reúne toda a sua energia para tornar-se uma asha - alguém que pode usar magia elementar. Mas as forças das trevas estão se aproximando rapidamente e, diante do perigo, Tea terá que superar seus obstáculos e fazer uma escolha poderosa.


Esse livro é completamente diferente de tudo o que imaginava sobre ele. Ao ler a sinopse a gente pensa em uma fantasia de bruxas. E é isso, mas a verdade é que esse livro é muito mais do que isso. Foi uma surpresa que no geral me agradou, embora, já fica o aviso: esse não é um livro para quem espera uma super fantasia. 

Se você gosta de livros que se aprofundam na cultura oriental (aqui temos a inspiração clara na cultura filipna), com uma ambientação esplêndida e rica, personagens diferentes e bem elaborados e uma narrativa poética e melancólica, esse é seu livro. Mas se você prefere intensas fantasias, onde sempre acontecem mil e uma reviravoltas e cenas de ação, The Bone Witch  pode te decepcionar.

O ritmo é bem pausado, ao ponto de se tornar cansativo, porém, considero que foi necessário, para que a autora pudesse desenvolver esse cenário rico e amplo onde a estória se ambienta, para que pudesse integrar o leitor nessa cultura delicada que é a cultura oriental. Há um toque de fantasia que traz um charme à trama, e as figuras apresentadas pela autora são diferentes do que estamos acostumados, por isso é aquele livro para se prestar atenção aos mínimos detalhes. 

A protagonista, Tea, é muto bem caracterizada. Ela tem uma personalidade serena, mas ao mesmo tempo se revela determinada quando quer. Não é uma heroína típica e inclusive chega a surpreender em algumas atitudes no decorrer do livro, eu gostei bastante dela e achei que Tea teve uma evolução notável até o final.

Temos um rol grande de personagens secundários, impossível falar sobre todos, mas nenhum está ali apenas por estar, todos desempenham um papel fundamental, alguns roubam a cena perto do final, outros acabam ficando em segundo plano, mas num contexto geral, é um time de personagens que se complementa e se completa muito bem. 

Os pontos mais interessantes desse livro, além da ambientação centrada na cultura filipina, acaba sendo também o papel das "bruxas" aqui. Tea por exemplo é uma bruxa de ossos, ela pode ressuscitar os mortos. Outras possuem domínio do Fogo, do Vento, são oráculos. Até aí, nenhuma novidade. Mas nesta estória, as bruxas não representam figuras temidas e ocultas. Ao contrário, elas vagam em meio aos nobres, e exercem um papel similar ao das gueixas. 

Durante a trama acompanhamos Tea em sua ascensão a uma asha. Asha são essas bruxas que vivem em comunidades denominadas asha-ka, e ali aprendem de tudo um pouco: o domínio de runas de magia, combate e defesa pessoal, história, política, canto, dança, cuidados de beleza. As asha devem vestir as melhores roupas, usar os melhores enfeites, tudo isso para se tornarem companhias dignas de poderosos nobres e reis, que pagam pelo privilégio de estar perto destas garotas. 
Eu achei interessante esse novo papel das bruxas, porque de certa forma combina. São mulheres temidas, mas reverenciadas porque tem poder. E ao ter poder, adquirem privilégios e se aprofundam em seus conhecimentos para poder estar diante da nata daquela sociedade. 
Essa primeira parte foca muito nisso, no amadurecimento e na escalada de Tea à esta condição.

Outro ponto interessante é a presença de corações de vidro. As pessoas celebram um ritual denominado como Heartsrune onde recebem um coração de vidro que realça a essência de cada um. Uma bruxa pode ler um coração de vidro, e através dele dá pra saber se alguém é bom ou ruim, se nutre boas intenções, se teve boas experiências de vida, e as emoções que sente. Uma bruxa possuí um coração de vidro preenchido por fumaça prateada, demonstração da magia nela. Achei interessante esse detalhe.

Há mocinhos e há vilões mas durante maior parte do livro os papéis não ficam claramente definidos e o leitor só vai descobrindo em parte quem é quem lá pelas últimas páginas que apresentam algumas poucas surpresas, boas o suficiente para me deixar curiosa em seguir lendo a continuação da trilogia. 

Como ponto negativo, embora para mim não tenha sido exatamente um problema, é o ritmo da trama. Essa primeira parte foca em Tea e sua ascensão a asha, seus estudos e a descoberta de seu poder, então é bastante introdutória e por vezes o ritmo é lento, muito pausado mesmo. 
Eu sinceramente gostei, ficou uma narrativa meio melancólica que torna a experiência de ler esse livro bastante singular. Mas esse ritmo mais contido pode ser uma desvantagem para algumas pessoas, então a experiência vai ser diferente para cada leitor.

Concluindo...

No geral, achei The Bone Witch  uma trama riquíssima, em ambientação, em contexto, em elaboração dos personagens, em cultura, e até de certa forma no suspense que a trama traz. É uma estória que nos transporta literalmente para um mundo mais místico e apresenta uma visão diferente das bruxas, desse vez com um toque oriental que funcionou muito bem. Embora seja uma trama de ritmo lento, me prendeu e me surpreendeu em seu final, que achei muito bom, embora completamente aberto (deixa a gente na espera total pela segunda parte).

"Todo mundo é um quebra-cabeça, Tea, feito de azulejos entrelaçados que você deve juntar para formar uma imagem de suas almas. Mas, para construí-los com sucesso você deve ter uma idéia de seus pontos fortes e fracos. Todos nós os temos - disse ela, acrescentando quase uma reflexão tardia - até eu."


"Se há uma coisa que aprendi com nossos negócios, é que devemos estar sempre prontos para o perdão, para que não sejamos consumidos por nossa raiva."

Continua em:

The Heart Forger


Erin "Rin" Chupeco nasceu em Manilla, nas Filipinas. Ela tem descendência chinesa, filipina e tailandesa. Quando criança, Rin era viciada em estórias de fantasmas e achava uma absoluta injustiça nos contos japoneses quando o personagem masculino sempre se dava bem enquanto as personagens femininas terminavam mal. Ela adorava também os livros de Edgar Alan Poe, Stephen King, Peter Straub, Christopher Pike e Shirley Jackson. Ela trabalhou como designer gráfico e blogueira de turismo e viagens antes de se tornar autora de livros juvenis em tempo integral. Seu primeiro livro foi "The girl from the will". Atualmente, Rin Chupeco é casada e vive em Manilla com seu marido e seus dois filhos. 

Web Page Oficial: https://www.rinchupeco.com/

Twitter: Rin Chupeco



Até a próxima, 


Ivy

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